Os nossos Vieses e Falácias

Todos nós temos mais ou menos atalhos mentais que nos ajudam a não ter que processar o mundo a todo o momento. Estes, às vezes prejudicam-nos.

Podem ser cognitivos e/ou motivacionais e temos que estar cientes deles de forma a reduzir a quantidade de erros que vamos fazendo nas nossas vidas, ou pelo menos sermos mais tolerantes connosco e com os outros:

  • Erro de Atribuição ou Instinto de Culpa: Tentar encontrar um bode espiatório em vez de analisarmos o problema. Muito frequente nas crianças, pois não querem ser repreendidas por terem errado uma vez mais... Exemplos
    • Eu não parti isto, foi o meu irmão!
    • A culpa é do governo.
    • A culpa é dos {ciganos, gays, chineses}.
    • Viés Actor-Observador (Erro Fundamental de Atribuição + Autoconveniência (self-serving) ): Dependendo se aconteceu a nós ou aos outros e se o resultado foi bom ou mau, achámos que os motivos foram internos (ou fundamentais de personalidade) ou externos (situacionais)

    • Hipótese de atribuição defensiva: Numa situação de acidente, defender mais a vítima (ou o agressor) se nos idenficarmos (formos mais semelhantes) mais com esta (ou este). Isto ocorre para minimizar o seu medo de ser vítima (ou causa) em uma situação semelhante. Exemplo:
      • A Célia ficou demasiado tempo no semáforo vermelho distraida ao telemóvel e isso causou um acidente. O Gregório (que é conhecido por usar telemóvel enquanto conduz) culpou apenas os outros condutores.
    • Sorte Moral + Hipótese do Mundo JustoDar mais culpa a quem teve mais azar ou dar mais mérito a quem teve mais sorte. Supôr que o mundo é sempre justo. Exemplo
      • Ambos tentaram partir o vaso, mas o que conseguiu teve um castigo maior.
      • 2 pessoas tentaram salvar uma criança de um prédio em chamas, mas a que teve sorte de escolher o caminho certo foi a única a receber os louvores.
      • A cultura X ganhou a guerra porque é moralmente superior à cultura derrotada.
      • A carteira da Célia foi roubada porque ela foi má para o Francisco e teve mau karma.
    • Retrospectiva idílica + Declinismo: Ver o passado como melhor que o presente e futuro. Exemplo:
      • Enquanto estive de férias não me soube bem, mas agora vejo que foram fantásticas!
      • No meu tempo as crianças tinham mais respeito!
  • Heurística de disponibilidade/Representatividade + Viés da Selecção
    • Ao fazer julgamentos, baseamo-nos nos exemplos mais imediatos para nós (que podem não ser suficientemente representativos de toda a realidade necessária).
    • Exemplo
      • lembrámo-nos de ir à loja à qual vimos mais recentemente um anúncio.
      • tentar prever vendas do ano apenas com poucas vendas iniciais
      • "Aquele tipo de óculos deve ser de informática"
    • Subtipos:
      • Pensamento antropocentrico + Antropomorfismo: centrar demasiado o foco em nós (ser humano) e sobre-utilização de analogias humanas e personificar objectos e animais. Exemplos:
        • Deus criou o homem à sua imagem
        • Preocupo-me mais com os animais que imagino serem mais semelhantes a pessoas
      • Falácia do historiador: Presumir que pessoas que tomaram decisões no passado tinham as informações que temos hoje.
      • Ilusão do fim da história: Acreditarmos que apesar de termos alterado até agora, não vamos mudar no futuro. É particularmente mau acreditar que não conseguimos melhorar ou suportar uma catástrofe na vida. Exemplo:
        • Francis Fukuyama acreditava em 1989 termos chegado ao pináculo da evolução social.
        • Um estudo comparou o que pessoas de 20 anos acreditavam que iam mudar com o que as de 30 achavam que tinham mudado, e as diferenças foram garndes.
      • Viés do trabalho corrente: Achar que o trabalho que estámos a fazer de momento é o mais importante. (É bom para nos conseguirmos focar em concretizar uma tarefa eficientemente, mas não podemos ignorar sinais exteriores quando faz mais sentido abandonar devido a questões mais importantes)
      • Viés Atencional + Visão de Túnel: a nossa percepção da realidade é atropelada pelo nosso comboio de pensamento ou por algum ponto emocional (ex: ameaça) em concreto. Exemplo:
        • Não conseguir ouvir o que uma pessoa diz porque se está atento aos seus tiques.
      • Ilusão da Frequência (Baader–Meinhof): Uma determinada situação aparenta mais frequente depois que começamos a estar atentos. Exemplo:
        • Agora que fiquei grávida comecei a ver muitas grávidas na rua.
      • Efeito de Ambiguidade: decidir pela opção que temos mais informação, mesmo que fraca. Exemplo:
        • Não trocar de professor fraco por outro que não sabemos como é.
      • [Viés de Conformidade] Cascata de Disponibilidade: A crença colectiva é amplificada através de repetições públicas. Causa de mitos urbanos. Exemplos:
        • Se aumentar o salário, subo de escalão de IRS e ganho menos por ano.
        • Uma história de lâminas em doces, levou a que se deixa-se de oferecer doces caseiros no Halloween nos EUA.
      • Viés da Saliência: focar nos casos mais extremos. Exemplo
        • Notícias de eventos maus ou muito bons parecem mais frequentes que a realidade.
      • Viés dos Sobreviventes: Focámos nas coisas que sobreviveram um processo e esquecemos as que falharam. Exemplo
        • Vamos seguir este modelo de negócio porque 1 empresa conhecida teve sucesso (quando 10 empresas falharam com o mesmo modelo). 
      • Apofenia
        • Ilusão de agrupamentos + Pareidolia: Encontrar padrões ou significado em dados aleatórios. Exemplo
          • Ver a imagem da nossa senhora numa torrada.
        • Correlação Ilusória + Viés de Susceptibilidade à Exposição (Protopático + Indicação): percepção de relação entre 2 eventos não relacionados. Exemplo
          • Bati 3x na madeira e por isso não tive azar.
          • Aquela raça de cães é má, uma vez um tentou morder-me.
          • O sindrome pós-menopausa mostra probabilidade de cancro. O tratamento para a 1ª doença é (injustamente) culpado de causar cancro.
          • Tratei os sintomas com o medicamento (porque tinha alta probabilidade de ter a doença) e fiquei com a doença. O medicamento é que causou a doença!
      • Viés da Ação: Desejo de partir para ação sem planeamento prévio. Exemplo:
        • Estávamos a sentir que o tempo era pouco para chegar a uma solução e não nos apercebemos que o melhor que tinhámos a fazer era fazer nada.
  • Vies da Confirmação / Expectativa + Falsos Pressupostos
    • Tendemos a encontrar, acreditar e lembrar informação (por vezes falsa) que confirma as nossas percepções; e desacreditar e descartar ponderações aparentemente contrárias. Exemplo
      • Conseguimos confirmar uma teoria da conspiração baseando-nos em evidências escassas, enquanto ignoramos contra evidência

    • Viés da Causalidade Falsa: Assumir que um evento é causado por outro. Exemplo:
      • Acreditar que o que os utilizadores dizem e fazem é idêntico.
      • Cada vez que vou dormir o sol põe-se.
    • Viés de fontes comuns: não usámos fontes suficientemente diversificadas. Exemplo:
      • Só vejo notícias do site bombeiros24.
    • Viés da Automação: Confiar cegamente em sistemas automáticos. Exemplo
      • Corrector ortográfico sugeriu algo diferente do que queriamos escrever e nos aceitámos.
    • Viés de Autoridade (Falácia Apelo à Autoridade): Atribuir maior credibilidade a opiniões de figuras autoritárias. Exemplo:
      • O convicto farmaceutico deu-me muita confiança que este anti-celulitico funcionava.
    • Ancoragem (Focalismo) + Efeito Halo: Baseamo-nos demasiado num dado pedaço de informação (que pode nem estar relacionado). Se vemos uma pessoa com uma característica positiva, imaginamos todas as outras características como positivas (e o mesmo para negativas). Exemplos
      • Se tivermos a informação que uma camisa custava 200€, 100€ parece menos caro. 
      • "De que cor é o teu frigorífico? Branco. O que é que as vacas bebem? Leite". 
      • A Tania não pode ser má, é tão bonita!
      • Inconscientemente, a tua 1ª boa impressão do Tiago está a impedir-te de ver as suas asneiras recentes.
      • Aquela empresa só usa electricidade verde. Só pode ser boa no geral!
    • Favoritismo de EndoGrupo (Tribalismo): Favorecemos pessoas do nosso ciclo do que de outros grupos. Exemplo:
      • O Franco é da nossa igreja por isso gosto mais dele que da Célia.
    • Estereótipo + Efeito de Homogeneidade de ExoGrupo + Essencialismo: Acreditar que um membro de um grupo (etnia, nacionalidade, religião, cultura, sexo, nível de educação) tem forçosamente determinadas características, mas o nosso grupo tem mais variedade. Categorizar pessoas e coisas de acordo com sua natureza essencial, desconsiderando as variações. Exemplos
      • Facto: Índividuos de tez negra têm mais dificuldade em distinguir caras de tez clara que negra (o inverso também é verdade); 
      • Diz uma mulher: "Os homens são todos iguais!"
    • Fixação Funcional + Lei do Instrumento: limitação ao uso tradicional de cada objecto e sobre-confiar apenas nas ferramentas que nos são familiares, sendo que "se só tivermos um martelo tudo nos vai parecer pregos".
    • Viés da Espectativa / Congruência + Reflexo de Semmelweis + cherry-picking: publicar apenas os dados que batem certo com as nossas crenças; e testar directamente as nossas hipóteses, não testando alternativas. Exemplo:
      • Provavelmente foi um erro nos dados e vou ignorar para a minha ideia ficar certa.
      • O aviões não são seguros devido a estes exemplos (ignorando os muitos casos seguros)
    • Viés da Crença: Julgámos a força de um argumento pelo quão plausivel nos é a conclusão que ele reforça. Exemplo
      • Não percebi bem o teu argumento, mas deve estar correcto porque leva à conclusão correcta.
    • Efeito de enquadramento (Framing) + Valor Por Omissão + Efeito Espantalho (Decoy) / dominância assimétrica + Efeito Contraste + Viés da Distinção: Mudámos de julgamento conforme a mesma informação é apresentada. Somos mais receptivos a aceitar quando é anúnciado como positivo ou evitar algo negativo; e menos receptivos se nos referirem os baixos pontos negativos.  Também aceitámos mais as ações pré-determinadas por omissão (poupar tempo, esforço ao aceitar o que parece ser o recomendado). Vemos o mesmo objecto diferente dependendo da sua envolvência. Se inserirmos um terceiro elemento "espantalho" podemos aumentar a atractividade de uma das 2 outras opções. Temos a tendência de ver 2 opções como mais diferentes entre si quando avaliadas simultâneamente (sobre-examinámos e sobre valorizámos as diferenças). Exemplos:
      • Os consentimentos para cirurgia têm mais adesão quando indica que tem "90% de sucesso" do que quando diz "10% de risco de complicações".
      • A Alice vê algo como positvo se ouvir "o candidato está ao rubro com 45% de aprovação" e como negativo se for "o candidato está a desapontar o pais com 45% de taxa".
      • A adesão a doação de orgãos é muito maior nos países em que tal é aceite por omissão.
      • Não nos parece, mas A é da mesma cor que B:
      • Havendo A (400$/30GB) e B (300$/20GB), se adicionarmos o espantalho 450$/25GB (3ª opção assimetricamente dominada) aumentámos o desejo de A, mas se adicionarmos a opção 350$/15GB aumentámos o desejo de B. [2]
      • Quando vamos comprar umas calças e há demasiadas opções perdemos demasiado tempo a escolher sendo que a diferença entre a melhor de todas e a 2ª e 3ª melhor são negligenciáveis.
    • Falácia da Narrativa (story telling): Relacionámo-nos mais a uma história, mesmo que falsa e com piores resultados.
    • Perguntas carregadas ou direcionadas: Inconscientemente fazemos perguntas que contém presupostos (por vezes errados errados) ou sugerem (ex. via tom de voz, repetição) uma determinada resposta (muitas vezes de sim/não). Exemplo:
      • Estavas em casa quando o acidente aconteceu? (deveria-se perguntar antes: Aonde estavas quando o acidente ocorreu?)
    • Efeito Placebo: Se acreditámos que determinado tratamento vai funcionar, vai haver um efeito psicológico positivo. Exemplo
      • A Alice recebeu um comprimido estéril para a dor e a sua dor diminuiu.
  • Negligência de Extensão
    • Falácia da Frequência Base: Tendo informação geral e de um caso específico, tendemos a ignorar a geral e focar no específico. Exemplo:
      • Apesar dessa estatística oficial, acho que este carro não é seguro porque vi um acidentado na estrada.
    • Lei da Trivialidade de Parkinson + Desconto Hiperbólico: Dar atenção excessiva a trivialidades fáceis à custa de assuntos complexos de resolver e dar preferência a ganhos imediatos que no longo prazo. Exemplos
      • É-nos mais agradável discutir como implementar uma ciclovia e evitar resolver o dificil problema dos sem abrigo; 
      • Compro fruta para a semana e chocolate para hoje; 
      • Trato hoje de coisas fáceis e adio decisões díficeis; 
      • Prefiro 1€ agora que 3€ amanhã.
    • Falácia Bola de Neve (Slippery Slope): Achar que uma ação relativamente pequena, irá inevitavelmente levar a uma corrente de eventos subsequentes catrastróficos.
    • Falsa dicotomia: 2 afirmações alternativas são dadas como as únicas opções possíveis quando, na realidade, há mais.
    • Viés do Péssimismo + Efeito Zeigárnik: Sobre-estimar a probabilidade de maus resultados, especialmente de algo que não está nos nossos planos. Lembrámo-nos das tarefas incompletas mais que das completas. Pode provocar o Efeito Pigmalião negativo, ou seja, piorar a situação dadas as más expectativas. Exemplos
      • Nada vai ficar melhor! (e pessoas que iriam ajudar a situação ficam desmotivadas)
      • Tarefa executada, tarefa esquecida. Só nos lembrámos olhando para a lista de vistos.
    • Viés do Optimismo + Falácia de Planeamento + Pensamento Desejoso (wishfull thinking) + Pró-Novo + Expectativa Exagerada: Ser demasiado optimista com os bons resultados de algo que temos planeado: Sub-estimação do tempo que vamos demorar a fazer algo e problemas que vamos ter. Pode ser provocado pela nossa necessidade de imaginar situações agradáveis. Tender a acreditar que tudo o que é novo é melhor. Inverso do Víes de Conservadorismo. Exemplos:
      • Vai tudo correr perfeito!
      • Num estudo de 1994, 37 alunos estimaram que terminariam a tese em 35 dias mas na pratica demoraram 55 dias (valores médios).
      • As obras demoram mais que o planeado.
      • Nota: Este viés pode ser mais bom que mau, caso ocorra a situação de profecias auto-concretizáveis (self-fulfilling prophecy ou Efeito Pigmalião) e arrancar projectos que não iniciariamos se soubessemos, logo à partida, todo o trabalho que iria dar. Dado o optimismo, pode contudo levar as pessoas a adiar demasiado as coisas.
    • Efeito Dunning-Kruger + Síndrome do Impostor + Perfecionismo: tendência de pessoas pouco qualificadas superestimarem as suas habilidades (e não reconhecerem os peritos) numa determinada área; e dos peritos se subestimarem (e até chegarem a pensar que são uma fraude e que os menos capazes são tão ou mais capazes que eles). Ocorre porque: (1) Quem é incompetente numa área não sabe o que ainda tem de aprender para ser competente; (2) Quem é competente conhece a complexidade da área e tem noção que ainda não sabe muita coisa para estar 100% seguro na área. Exemplos:
      • Muita gente quando é avaliada negativamente, rejeita as criticas construtivas do que pode melhorar.
      • Os alunos que ficaram entre os 25% piores estimaram que ficariam acima de 60%, enquanto os melhores alunos preveram melhor que notas iriam ter.
      • Alguém inteligente não conseguiu fazer rapidamente à primeira tentativa sem ajuda de outros e sentiu-se envergonhado e pensa que nunca conhecerá o suficiente (mesmo trabalhando horas extra e fazendo cursos). [1]
    • Vácuo de Empatia: a tendência de subestimar a influência ou força dos sentimentos, em si próprio ou nos outros.
    • Desvanecer da Compaixão: decréscimo de empatia à medida que o número de vitimas aumenta, tendo mais compaixão pelos poucos casos conhecidos que por anónimos.
    • Falácia da Conjunção (Problema de Linda): assumir que sub-condições específicas são mais prováveis do que a condição geral. Exemplo
      • É mais provável que a Linda seja "bancária" ou "bancária E feminista"? (Correcto: bancária)
    • Viés do Risco Zero + Aversão ao Risco + Viés Status Quo + Perfecionismo: Preferência de reduzir riscos baixos a zero em vez de investir em reduzir outros riscos maiores, ou investir em algo seguro com baixo retorno em vez de algo um pouco menos seguro com muito maior retorno. Preferência pelo actual estado de coisas, para prevenir perdas. Não é assim considerado o custo de oportunidade. Exemplos
      • Não deixar crianças brincarem penduradas para evitar acidentes mas depois elas não ganham suficientes capacidades físicas; 
      • "É melhor comprar a garantia"; 
      • Preferimos algo grátis a pagar por algo melhor.
      • Apesar de uma app ter alterado os termos de serviço para invadir privacidade a Célia não mudou para a app alternativa.
  • Dissonância Cognitiva + Falácia Lógica
    • Viés da Normalidade (Efeito Avestruz): recusa de preparar/reagir a desastres que nunca nos ocorreram
    • Apelo à emoção: Manipular as emoções (medo, ego, misericórdia, rídiculo, desejo) do interlocutor ao invés de usar um raciocínio válido para chegar num acordo em comum.
    • Viés de proporcionalidade: acreditar que grandes eventos têm grandes causas. Exemplo:
      • Como há tanta gente anti-vacinas, tem que haver um fundo importante de verdade.
    • Apelo às consequências: A conclusão é baseada por uma premissa que afirma consequências (tipicamente de curto prazo) positivas ou negativas de alguma ação numa tentativa de distrair da discussão inicial e dos princípios que devem ser considerados.
    • Apelo à Falácia: Presumir que uma conclusão é falsa porque o argumento foi falacioso. Exemplo:
      • As vacinas não funcionam porque o Anibal disse: "O presidente tem sempre razão (Apelo à autoridade) e diz que as vacinas funcionam".
    • (Auto-)Justificação do Esforço + Efeito IKEA + Falácia dos Custos Irrecuperáveis (sunk cost) + Escalada (Irracional) de Compromisso + Viés da Continuação do Plano + Efeito Dotação: Dámos mais valor (que o real) a coisas feitas por nós (investimos tempo) ou que investimos dinheiro. Mesmo que desistir de um projecto seja a melhor opção, continuamos a enterrar tempo e/ou dinheiro nele dado o que já foi investido. Exigir mais para desistir de algo do que estariamos dispostos a adquirir. Exemplos:
      • Gostámos mais dos móveis que construímos nós que se fosse comprado feito.
      • Numa guerra de leilão comprámos algo acima do preço por ego e para seguir plano inicial.
      • O Leilão de Dinheiro mostra a irracionalidade da escalada de competição.
      • Tentar vender demasiado caro algo em 2ª mão.
    • Viés pró-escolha: Tendência de retroactivamente achar que as nossas escolhas foram melhores que a realidade, esquecendo as condições iniciais de decisão. Exemplo
      • Após escolher passar férias no sul de França em vez do Algarve, vemos todos os pontos positivos e ignoramos negativos da opção tomada.
    • Falácia do Jogador + Falácia da mão quente: tendência de pensar que eventos futuros são alterados por eventos passados. Exemplos
      • Lancei a moeda ao ar e saiu 5x caras, logo na próxima vez será mais provavel sair coroa; 
      • Estou a ter muita sorte hoje, pelo que vou aproveitar.
    • Viés da Soma Zero: Percepcionámos uma situação como um jogo de soma zero onde para nós ganharmos alguém vai ter que perder (win-lose). Na verdade se ajudarmos (ex: ensinar, investir) alguém e formos ajudados por outros, todos ganhámos, dado que os bens (produtos e serviços) não são finitos mas criados por nós todos. Ou seja, na realidade, existem também as combinações win-win e lose-lose.
    • Contagem Dupla: Contar eventos ou ocorrências mais que uma vez em alguma consideração.
    • Efeito Ben Franklin: maior probabilidade de fazermos favores a quem já fizemos favores do que de quem recebemos favores, e de gostarmos mais de quem somos incialmente forçados a gostar. Exemplo:
      • Gostámos mais dos vendedores que nos pedem ajuda
    • Dois errados fazem um certo: Assumir que, se um erro é cometido, outro erro irá repará-lo.
  • Vieses Egocêntricos
    • Quando o nosso ego é maior que a nossa curiosidade.
    • Efeito Forer-Barnum: Acreditamos que uma descrição aplica-se a nós, quando foi feita para ser genérica. Exemplo
      • Acreditar no horóscopo.
    • Maldição do Conhecimento: Quando sabemos algo, assumimos que toda a gente sabe. Exemplo:
      • Ficar surpreendido porque a criança escreve "iscreve" em vez de "escreve".
    • Projeção: a tendência de inconscientemente presumir que as outras pessoas compartilham dos mesmos estados emocionais, pensamentos e valores que nós. Exemplo:
      • Não era isso que tinhamos concordado tacitamente !?
    • Falso Consenso: Acreditar que as pessoas concordam connosco mais que o real. Exemplo
      • Toda a gente pensa isso!
    • Ilusão da Validade + Efeito de Sobre-Confiança + Viés do ponto cego + Efeito 3a pessoa + Realismo Ingénuo + Cinismo Ingénuo: Sobre-estimação da nossa certeza de julgamento, e de acharmos que as outras pessoas são mais susceptiveis que nós de alterar opinão com notícias. Crença de vermos a realidade tal como é, e quem não concorda conosco está mal informado, é irracional/preguiçoso ou inviesado. Exemplos:
      • Ter demasiada certeza que um bom aluno vai ter vida boa (a vida dá muitas voltas e pode haver um azar)
      • Acharmos que somos menos susceptíveis a vieses que a média
      • "O problema só acontece aos outros"
      • "O único motivo pelo qual esta pessoa está a fazer algo bom é para ter algo em troca"
    • Efeito do tiro pela Culatra (backfire): Não só rejeitamos uma contra prova como ficamos a acreditar que foi forjada para nos fazer mudar de opinião. Exemplo
      • Teorias da Conspiração. Ex: terraplanismo.
    • Conservacionismo + Conservadorismo: não revisar suficientemente as nossas crenças em presença de novas evidências. Exemplo:
      • Investidores demoraram a reagir à notícia de fraude financeira da empresa IRB pois achavam que era sempre um bom investimento.
    • Reactância: Fazer o oposto do que nos é pedido, especialmente se sentimos a nossa liberdade de escolha ameaçada. Exemplo
      • O Pedro recusa fazer os deveres mesmo tendo a professora e os pais a mandarem fazer.
    • Desvalorização Reactiva (Falácia Ad Hominem): Desvalorizar propostas boas apenas porque foram feitas pelos adversários. Exemplo
      • 90% dos americanos apoiavam o corte bilateral das bombas nucleares se proposto pelo Reagan, mas apenas 44% se proposto pelo Gorbachev.
    • Ilusão de Controlo: Sobre-estimação no nosso nível de influência em eventos externos. Exemplo:
      • Vou levar este cachecol para dar sorte no jogo.
    • Viés da Restrição: Sobre-estimação da nossa capacidade de controlar impulsos e tentações. Exemplo:
      • Vou conseguir passar a noite toda sem adormecer
  • Viés de Conformidade (Social)
    • Efeito adesão/rebanho (bandwagon) + Pensamento de grupo: Fazer coisas porque os outros o estão a fazer. Pode também ser não fazer coisas porque ninguém o faz. Para minimizar conflitos e chegar a consenso, não se pensa criticamente e evita-se pontos de vista destoantes do grupo. Exemplo:
      • Vídeos de Youtube tornam-se virais porque as pessoas procuram os videos com mais visualizações.
      • Toda a gente compra o brinquedo da moda: ex: spinner, popet
      • Apesar dos avisos de uma equipa de engenheiros, a NASA decidiu prosseguir com o lançamento (desastroso) do Challenger dado o mediatismo do evento daquele dia.
    • Viés de Cortesia + Argumentum ad temperantiam + Desejabilidade: Dar opinião de forma mais socialmente aceite que a nossa opinião real para não ofender ou para ser desejado. Presumir que um meio-termo entre duas posições está sempre correto.
    • Efeito do Espectador: Dada a difusão de responsabilidade, quantas mais pessoas estiverem a assistir, menos provável é sentirmos que temos que ajudar a vítima. Exemplo:
      • Genovese foi morta sem que nenhum dos muitos vizinhos fosse ao seu socorro.
  • Vieses de Memória-Atenção
    • Efeito Google: Tendência a esquecer informação que é facilmente encontrada p.e. na Internet. Exemplo:
      • Antes de haver telemóveis as pessoas sabiam os números de telefone das outras de côr.
    • Sugestionabilidade (Framing) + Pista Falsa (red herring) + Falsa Memória + Confabulação + Confusão da Fonte + Efeito da Desinformação: Ser erradamente influênciado por uma ideia recente ou pergunta direcionada. Ocorre mais em crianças. Podemos até construir a falsa memória de ter presenciado um dado evento que nos foi apenas contado, ou Pensar que não é a primeira vez que ouvimos falar de uma ideia, quando na verdade é. Confusão da imaginação com a memória. Exemplos:
      • Gostas desse gelado, não gostas?
      • "Deixaste a louça suja!" e o outro responde "E tu deixaste a roupa suja".
    • Criptomnésia: Pensar que é a primeira vez que estámos a pensar em dada ideia, quando na realidade no passado já pensámos ou ouvimos alguém falar dela.
    • Salto de Reminiscências: Tendência de idosos ter mais lembranças de eventos que ocorreram no passado longínquo que dos mais recentes.
    • Viés de Retrospectiva (hindsight): Ver os eventos como mais fáceis de prever após ocorrerem. Exemplo
      • "Eu já sabia quem ia ganhar o jogo."
      • "Eu disse-te!" (quando na altura não tinha sido assim tão convincente)
  • Taquipsiquia
    • A nossa percepção do tempo muda conforme o nosso estado (espanto, medo). O tempo demora mais a passar para as crianças porque têm mais a aprender e como tal estão focadas mais tempo a processar o mundo. 
    • Exemplo: Quando o carro quase me bateu, o tempo passou mais devagar
    • Efeito da estrada conhecida: uma viagem por um caminho desconhecido parece-nos demorar mais tempo.

TODO: visualização em teia com ligações de N-N + Excel com áreas

Outra forma de organizar



Fontes:


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